O Bilson é um genuíno artista de rua do Rio de Janeiro e ele foi escolhido para fazer a arte dos trucks do Emanoel Enxaqueca para a série TYPOS. Nós, como somos muito curiosos, fomos perguntar para ele como surgiu esse gráfico dos eixos e algumas outras coisas mais sobre pixação no Rio.Salve, Bilson! Para você, qual a relação entre o skate e as tipografias de rua?O skatista e o pixador tem uma visão diferenciada da arquitetura urbana. Ambos andam pelas ruas observando as construções e planejando como executar respectiva ação. Acho que os dois universos são bastante parecidos.
Como é a cena do pixo no Rio de Janeiro? Qual a maior característica das artes do Rio?A cena no Rio é muito forte! Praticamente todos os bairros são muito pixados. Existem muitas siglas (grupos), reuniões, concursos, festas, todos ligados ao pixo. A zona norte e o centro são locais onde se encontra a maioria dos pichadores.
Acredito que a arte do rio tem um tom de cotidiano, algo ligado à violência, desigualdade.Todo carioca é “meio revoltado” com os problemas da cidade e acaba “descontando” na arte.
Você acha que as artes de rua hoje em dia estão mais aceitas ou ainda é bem marginal?Hoje em dia a arte tem outra aceitação no rio. É algo mais comum, presente tanto na rua, quanto nas mídias. Ocorreram muitos eventos de grande porte sobre arte, o que gerou uma familiarização por parte dos cariocas, fazendo a população se acostumar, gostar e incentivar a arte de rua.
Como é a relação sua com as autoridades? Já teve alguma história inusitada?Já tive alguns problemas com a polícia, assim como a maioria dos grafiteiros. Algumas passagens na delegacia, abordagens, mas nada muito “violento”. Hoje em dia os canas pedem até instagram, contam historias, dizem que já foram pixadores.
Qual o conceito usado para esse truck do Enxaqueca? Como você chegou nessa arte final?Antigamente os pixadores usavam uma caligrafia mais parecida com a letra de mão, um pouco mais distorcida e com alguns “enfeites”. Algumas siglas tinham até um caderno de caligrafia, onde cada um montava seu pixo, usando as letras, gerando uma certa identidade ao grupo.
Para o truck do Enxa, fiz uma pesquisa sobre os grandes pixadores do rio, estudando formatos, estilos e acabamentos. Tentei deixar o nome com o aspecto parecido com os dos famosos G80, uma geração de pixadores que ficou famosa nos anos 80 pelo estilo.
O que do Enxaqueca você fez questão de constar no Gráfico do eixo?Sou amigo do Enxaqueca há muitos anos e nesse tempo pude observar que ele é um cara de personalidade forte. Suas manobras sempre foram rápidas e bem corridas, sendo executadas com muita base e propriedade.
Fiz questão de ressaltar essa força e propriedade, além do tradicional jeito “largado” do carioca, sem muito blá blá blá...pow!